terça-feira, 27 de julho de 2010

O vira-lata sujo de tinta

Desci até o metrô para fumar. Todos voltando dos seus respectivos trabalhos. Menos eu. Aproveitei para observar. Será que eu ficaria bem de sobretudo?

Um cachorro parou ao meu lado e me pediu um trago.
Eu recusei justificando não saber se ele haviado escovado os dentes.
Ele latiu pra mim. Latiu mais uma vez.
Argumentei que cachorros não fumam.
Ele se deu por vencido e me pediu desculpas.
Disse que teve um dia difícil.
Havia tomado um fora de uma cadelinha malhada.

"Num dia se perde, no outro se ganha", eu disse.
"Obrigado", e abanou o rabo.

Levantei e voltei pra casa.
Ele me seguiu por algum tempo.
Um latido de agradecimento. "Tchau!"

sábado, 17 de julho de 2010

Dezessete de Julho

Será que é um teste ou algo assim?
Alguém tentando me fazer provar que desta vez não haverá um fim.
Ouço um telefone tocar. Não é pra mim.
Aquele por qual espero está no meu bolso.
Enquanto isso, permaneço trancado neste calabouço.
Esperando ele vibrar.

Desisto deste poema se você me ligar.
Corro ao seu encontro se você me chamar.
Arrisco o meu valor só pra te encontrar.
Engano esta dor se for o que me sobrar.

Agonia.
Eu brindo à ela com a cor do meu sangue.
Eu vejo a fumaça a um palmo do meu rosto.
Eu abro mão do meus princípios.
Não adiantaria fingir que não.
MEU CORAÇÃO ESTÁ EXPOSTO.