segunda-feira, 7 de julho de 2014

Matéria escura

Uma paixão é uma prisão.
Uma camisa de força invisível.
Não te deixa pensar, agir no "modo certo".
É como um parasita.
Rouba a sua força. Tira seu foco.
Você se arrepende dela.

E quando ela passa, você está livre.
Já pode mexer seus braços.
Fazer o que "deve ser feito".
Trabalhar só por você.
Poder correr. Poder sonhar.
E dizer que nunca mais vai se apaixonar.

Até a próxima paixão.

sábado, 5 de julho de 2014

Velho pescador (Parte final - O começo da manhã)

Foi uma noite particularmente difícil para o velho homem.
Não que as outras fossem fáceis. Porém, fez com que ele as desejasse.
Sua camisa estava encharcada. Faltava-lhe o ar.
Foram tantos os pesadelos que seria impossível recordar-se de algum.
Era hora de ir ao mar. Ganhar o pão e garantir os tragos.
Ele olhou para as suas mãos. As feridas estavam lá.
Queimavam mais do que nunca. Tornaram-se insuportáveis.
As pernas finas cambaleavam. Os dentes pretos rangiam.
E então, o pescador abriu um sorriso. As feridas haviam afugentado seu velho amigo.
Encontrara enfim um santo remédio. Uma nova dor para esquecer-se de outra.

Velho pescador (Parte II - O meio da noite)

Já passava das onze. O velho homem permanecia imóvel.
Como se a areia em volta houvesse se fundido a seu corpo.
Ele observava as estrelas, mapeando o céu de ponta a ponta.
Lembrou-se de seu pai. O velho mestre sabia tudo sobre aquelas constelações.
"Vê aquela cadeira embaixo de Escorpião? É Ara."
Aquelas luzes eram seu ópio. A mente estava vazia. A dor em suas mãos não cessara, todavia.
Até que o sono chegou. Acompanhado do vazio em seu peito.
Ele já o aguardava. Era como se fossem velhos amigos.


Velho pescador (Parte I - O fim da tarde)

O velho homem olha para as suas mãos calejadas.
E as lava com o sal do mar, na esperança de que as feridas sequem.
Os olhos de pedra se prendem ao céu alaranjado.
As mãos viradas para cima, tremem em uma desajeitada prece.
"Senhor, diga-me teu plano."
Uma lágrima foge e se perde entre rugas e suor.
Ele desiste de ir embora. Onde há dor, não há fome.
Vai esperar pela lua. A sua menina branca.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Como curar um machucado em 5 passos

1 - Lave com água e sabão
2 - Não mexa
3 - Não deixe ninguém cutucar
4 - Paciência
5 - Lave com água e sabão

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Te escrevi um poema. Ache seu nome nele.

Não mordeu e já imagina o sabor.
É como uma nova cor.
Para cobrir o carmesim e esquecer a dor.
Que dor?

E o concreto vai amolecendo
O fantasma brinca, aparecendo
Pra ser exorcizado. Pra não ter remendo.

Tão pouco não parece ser pouco.
Quase nada é muito, tampouco.
Me estraga com pouco.
Não é pouco.

Me joga pra cima
Me assusta. Me anima.
Me quer? Eu não sei.
Me urge. Isso eu sei.
Me encanta. Te falei?

Escrevi um poema.
Está aí. É pra você.
Nem sei se vai ler.
Mas fez valer.






segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A garota mais incrível do mundo

Um dia eu cruzei no caminho com a a garota mais incrível do mundo.
E ela parou pra conversar.  E ela gostou da minha conversa.
E naquele momento eu decidi que eu iria com ela para onde ela quisesse.

Falávamos sobre a vida. E sobre os assuntos mais bobos.
E os assuntos mais bobos, eram sempre os mais legais.
Quem ligava pro assunto? Eu só queria estar ali ao lado dela.
O máximo de tempo que pudesse.

E eu até tentava fingir ser o garoto mais incrível do mundo.
E por um tempo dava certo. E por outro não dava.
Mas eu não podia e nem queria sair de perto dela.
Aí eu decidi contar quem eu era. E ela não pareceu se incomodar tanto assim.

Afinal ela é a garota mais incrível do mundo.