sábado, 5 de julho de 2014

Velho pescador (Parte final - O começo da manhã)

Foi uma noite particularmente difícil para o velho homem.
Não que as outras fossem fáceis. Porém, fez com que ele as desejasse.
Sua camisa estava encharcada. Faltava-lhe o ar.
Foram tantos os pesadelos que seria impossível recordar-se de algum.
Era hora de ir ao mar. Ganhar o pão e garantir os tragos.
Ele olhou para as suas mãos. As feridas estavam lá.
Queimavam mais do que nunca. Tornaram-se insuportáveis.
As pernas finas cambaleavam. Os dentes pretos rangiam.
E então, o pescador abriu um sorriso. As feridas haviam afugentado seu velho amigo.
Encontrara enfim um santo remédio. Uma nova dor para esquecer-se de outra.

Nenhum comentário: